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No exclusivo clube dos campeões mundiais da categoria rainha, Franco Uncini é um daqueles pilotos pouco conhecidos do grande público. Aqueles que não fazem muito barulho, mas também aqueles que são muito rápidos. Ajudados por magníficas fotos de época, para melhor mergulharmos num ambiente característico, olhemos para trás e aproveitemos para regressar a uma das estrelas cadentes do nosso desporto.

A carreira de Uncini é surpreendentemente complicada de estudar. Faça muito alto e muito baixo, mas quase nunca entre os dois. Ele sabe de tudo. Decepção, frustração, dor, alegria. Tudo começou em Itália, no início da década de 1970, com inúmeras vitórias conquistadas a nível nacional.

Amadurecido por algumas passagens pelas 750cc em Laverda, fez uma entrada sensacional ao mais alto nível em 1976. Foi inscrito numa Yamaha de 350cc para o Grande Prémio das Nações em Mugello. O local quer impressionar e está determinado a vencer pilotos mais experientes. Largando em 3º, ele ficou em 2º em sua primeira corrida ao mais alto nível. Infelizmente, o fim de semana é marcado pela morte de Otello Buscherini, e o sabor do pódio não é o mesmo.*

 

 

Os locais sempre foram muito fortes em Assen. Aqui, em 1980, o pouco conhecido Jack Middelburg triunfou nas 500cc, à frente de Graziano Rossi e Franco Uncini. Foto: Fernando Pereira

 

Ele é mais uma vez titular em duas categorias, 250cc e 350cc, no Grande Prêmio da Holanda, e novamente com desempenhos muito bons. Para a última rodada do campeonato, vagas ainda animadoras: sexto nas 250cc e terceiro nas 350cc, no famoso circuito de Montjuïc.

Os anos de 1977 e 1978 para a Harley-Davidson e depois para a Yamaha foram pontuados por resultados em branco. A consistência não é tanto o seu ponto forte e isso o acompanhará ao longo de sua carreira.

Ele está tentando se destacar novamente, nas 500cc, nas grandes ligas. Em uma Suzuki RG500 particular, deu certo. Ele é mais regular e consegue pódios significativos. Foi classificado como melhor particular, em 1979 e 1980 terminando em 4º e 5º lugar no campeonato.

Para 1982 a Suzuki finalmente lhe ofereceu o guidão Gallina o de fábrica, que funciona bem. A temporada promete ser muito competitiva... Pelo 2º lugar. Franco Uncini literalmente atropela a concorrência. Ninguém consegue conter o italiano.

Estas vitórias são triunfos: no técnico Salzburgring, ele fica com quatro segundos completos para Barry Sheene e dezoito para “King Kenny”. Em Misano, ele conquistou a pole e venceu por doze segundos à frente de “Fast Freddie”.

Intitulado, Franco está no topo tendo terminado apenas – sobre rodas – na carreira, espera aí, apenas 55 corridas. Para efeito de comparação, um piloto precisaria de ter conquistado um título de MotoGP em três temporadas desde a sua estreia profissional. Mesmo que as épocas não sejam semelhantes, conquistar o título de 500cc continua infinitamente complicado, mesmo naquela altura.

 

 

Nesta esplêndida foto, podemos ver Franco Uncini liderando (n°10) à frente de Jack Middelburg (n°4) e Kenny Roberts (n°3) no Grande Prêmio da Holanda de 1982. Middelburg não terminou a corrida, para grande consternação dos apoiadores batavos; permitindo que Uncini vencesse silenciosamente. Foto: Hans Van Dijk/Anefo

 

1983 começa bem, mas depois chega a ronda de Assen. Ocorre um dos acidentes mais terríveis da história. Após uma queda na saída de uma grande ‘direita’, Uncini fica no meio da pista, escondido pela sua moto. Ele se levanta e tenta correr para um lugar seguro. Quando este se levanta, Wayne Gardner, na sua primeira corrida de 500cc, bate-lhe na cabeça. Após o terrível acidente, Franco entra em coma e não fica longe da morte.

Se ele voltar no ano seguinte, não será a mesma coisa. Ainda na Suzuki, este não conseguiu mais e decidiu pendurar as luvas dois anos depois, no final de 1985.

Trabalhando pela segurança e empossando a Lenda do MotoGP em 2016, Franco é uma saída enigmática. Ele atingiu seu teto em 1982? Nunca saberemos. Mesmo que ele continue menos conhecido que Sheene e Roberts, ele tem tudo de grande, a história, o destino e o título.

 

Foto da capa: Hans van Dijk/ANEFO