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Cal Crutchlow, piloto essencial do campeonato MotoGP, decidiu se aposentar no final de 2020. Nunca mais – a menos que haja um retorno surpresa – veremos o corajoso britânico nos circuitos mundiais.

O nº 35 deixa um rastro, alguma coisa. Apesar das boas estatísticas nos Grandes Prémios, ele será mais lembrado pela sua franqueza, pela sua personalidade, pelo seu carisma. Não é pior e talvez seja a coisa mais importante no final.

Cal era um piloto especial. Como Jack Miller ou Pol Espargaró, são necessários para a sustentabilidade de um evento desta envergadura. São dissidentes, não hesitem em dizer o que pensam, seja relevante ou não. Afinal, são eles que mantêm a paixão e o interesse por qualquer esporte.

Não, nem todas as legendas precisam ser suaves e insípidas. Lá DORNA compreendeu perfeitamente esta dimensão e muito contribuiu para o surgimento de novas rivalidades. Isto depende antes de tudo de personalidades fortes como Valentino Rossi ou Jorge Lorenzo. Drivers semelhantes sempre existiram. Barry Sheene em sua época foi o arquétipo do "bad boy", tão importante para o desenvolvimento do campeonato na década de 1970.

Duas figuras notáveis. Foto de : Hubertdumaine

Esta dualidade deve ser encontrada na rede. Deve haver de tudo, desde os desordeiros até os mais discretos. Do Kevin Schwantz e Eddie Lawson. Deve haver Pol Espargaró e João Zarco. Desde a saída de Nico Rosberg no final de 2016, é exatamente isso que falta na Fórmula 1. Mesmo que as corridas não sejam acirradas, uma rivalidade ou personagens mais fortes são necessários para o “show”.

De volta a Cal Crutchlow. Ele incorporou esse espinho no lado, essa frase corrosiva, mas muitas vezes bem pensada, que pode surgir a qualquer momento. Esta pequena provocação pode atingir os maiores pilotos. Mas no fundo, um piloto de grande coração e sempre respeitoso na pista.

Qual era o seu sonho no início da carreira, quando com uma YZR M1 inferior, alcançou o cume e conseguiu subir ao pódio. Uma vitória neste preciso momento, em 2013 por exemplo (sem dúvida um dos seus anos de referência) teria tido um impacto fenomenal.


Com a introdução do ECU único em 2016, o campo tornou-se consideravelmente mais restrito. Muito bem cercado pela LCR – Honda, venceu três corridas, sendo duas delas naquele mesmo ano. Mas o que importam as estatísticas? Crutchlow era mais que um número, mais que metal brilhante.

Essa risada vale muito mais. Esse relacionamento com Colin Edwards ou Jack Miller também. Quanto mais as pessoas ocupam espaço quando estão lá, maior será o buraco quando elas saírem. Certamente nunca haverá um “novo Crutchlow”, assim como nunca haverá um “novo Rossi”. E tudo bem. Todos são únicos, todos nos fazem vibrar de forma diferente. Obrigado pelo sonho Cal.

Tanto tempo.

Foto: Michelin Motorsport

 

Foto da capa: Michelin Motorsport

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