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Marc Márquez Honda

A chegada da Liberty Media, gigante norte-americana que já detém a Fórmula 1, à MotoGP desencadeou um terremoto cujas ondas de choque continuam a abalar o paddock. Com a aquisição de 84% da Dorna, a empresa impõe uma agenda que mais parece uma operação de rebranding de marketing do que uma visão respeitosa da história do esporte.

de Montmelò et MisanoO tom está dado: um fortalecimento massivo do departamento de marketing, cerimônias copiadas da F1 e um hino comum para todos os pilotos. Mas por trás desse brilho, uma realidade preocupante se instala: a Moto2 e a Moto3 são relegadas à categoria de figurantes.

As decisões são claras, brutais e beiram o revisionismo:

Redução de espaço para as equipes de Moto2 e Moto3, agora relegadas a tendas temporárias para deixar mais espaço para as estruturas da MotoGP.

Diretrizes para emissoras: promover apenas a MotoGP, em detrimento das categorias de treinamento.

E acima de tudo, uma decisão chocante: A partir desta temporada, títulos conquistados fora das 500cc/MotoGP não são mais incluídos na lista oficial de conquistas dos pilotos.

Consequência imediata: Marc Marquez, que está prestes a conquistar o que seria seu nono título mundial, agora seria reconhecido por apenas sete coroas. O mesmo vale para Valentino Rossi, reduzido artificialmente de nove para sete títulos, ou mesmo Giacomo Agostini, despojado de quase metade de suas 15 coroas. Pior ainda: lendas inteiras como Anjo nieto (12+1 títulos) são simplesmente apagados da história oficial.

Giacomo Agostini

 

Liberty Media: uma suposta falsificação histórica

Esta escolha não é trivial: é para Liberty Media concentrar todos os holofotes na "categoria principal" e marginalizar décadas de competição com motores de pequena cilindrada. Em suma, reescrever a história para alinhar a MotoGP ao modelo econômico da F1: um produto premium, higienizado, focado em uma única categoria e calibrado para atrair patrocinadores globais.

Mas essa visão "corporativa" colide frontalmente com o DNA do motociclismo. Desde a década de 1950, a Moto2 e a Moto3 (e suas antecessoras de 125, 250 e 350 cc) têm sido o ambiente natural para a criação de campeões. Apagar seus títulos significa apagar a trajetória de ícones que construíram a lenda deste esporte.

A reação do paddock foi rápida. Pilotos atuais e aposentados denunciaram uma manipulação grosseira que transformou a MotoGP em um "show sem memória". Os fãs, por sua vez, estão reclamando da traição. A frase continua surgindo nas discussões: "a história não foi feita para ser reescrita pelos donos".

Em vez de reforçar o legado, Mídia da Liberdade corre o risco de fragmentar seu próprio público, ao opor a nova era do espetáculo globalizado à tradição viva que fez do MotoGP um esporte único.

Mídia da Liberdade

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