Falei sobre isso há alguns dias, as temporadas recentes parecem longas, porque são: no próximo ano estão previstas nada menos que 22 rodadas. Mas nem sempre foi assim. Em 1980, quando as estrelas mundiais se preparavam para competir numa temporada que foi, no mínimo, incrível.
Tudo começou no final de 1979. Kenny Roberts estava prestes a ser coroado campeão mundial de 500cc quando começaram os problemas para a FIM. O Campeonato está indo bem e se tornando cada vez mais profissional. O fim do “Circo Continental” está próximo, embora a sua alma ainda esteja presente. Treze corridas foram disputadas naquele ano. É apenas uma corrida a menos que na Fórmula 1, uma disciplina com popularidade crescente. No entanto, nem tudo corre como planejado no planejamento da próxima temporada.
Na Venezuela nada vai bem. O obscuro circuito de San Carlos sediou o campeonato mundial desde 1977 e a explosão de Johnny Cecotto em nível internacional. Construído em um campo, está alinhado com essas linhas feitas de quinquilharias, sobre uma superfície perfeitamente plana. Grandes problemas financeiros precipitaram o seu desaparecimento do calendário.

Kenny Roberts, a estrela deste período. Foto: ANEFO
Era hora de esquecer uma… rota esquecível. Destaque: Barry Sheene venceu todos os Grandes Prêmios de 500cc na Venezuela. Bem, um circuito a menos, não é tão ruim. Só que, no processo, a Suécia anunciou que já não podia pagar tão bem! Anderstorp, o lendário circuito nórdico, foi recentemente substituído por Karlskoga, também conhecido como Gelleråsen.
O circuito foi desenhado como uma arena, para que todas as partes ficassem visíveis aos espectadores, independentemente de onde estivessem sentados. A catraca sueca não atrai multidões, ao contrário de Anderstorp, muito mais popular. Adeus Suécia. Dos treze vamos para as onze. Nada muito preocupante, mas as coisas logo pioraram. A FIM decidiu começar a temporada na Áustria em meados de abril. Isto atrasou o início do ano financeiro de 1980 em mais de um mês em comparação com 1979.
A Copa do Mundo deposita suas malas em Salzburgring. Sob o olhar atônito da direção da corrida, está nevando no percurso. A organização esperava tudo menos isso. No final do terceiro dia, a decisão de cancelar o Grande Prêmio foi tomada! Na história isso é extremamente raro: tivemos que esperar até Silverstone 2018 para reviver o cancelamento de um evento.
Dez rodadas. Isso é tudo que resta. Para um campeonato que quer ser cada vez mais profissional, essa é uma tarefa. Ainda não acabou. Spa-Francorchamps foi sede do Grande Prêmio da Bélgica. Esta etapa lendária causou um grande alvoroço em 1979. A maioria dos pilotos não queria correr devido à periculosidade da pista: foi, portanto, necessário encontrar um substituto.

Marco Lucchinelli, um dos principais protagonistas da época, 3º em 1980 e campeão mundial em 1981.
O país plano não é grande. Zolder, localizado na parte flamenga, está posicionado no topo. O circuito é lindo, na floresta, mas não é muito adequado para motos por ser muito sinuoso. Apenas quatro quilômetros, mas dará conta do recado. Além desta, muitas outras datas foram alteradas: o Grande Prêmio da Alemanha, realizado em Hockenheim em 1979, muda-se para Nürburgring e de 6 de maio a 24 de agosto. O mesmo vale para o GP da França, que passa da Bugatti (2 de setembro) para Paul Ricard (25 de maio).
A temporada ainda ocorreu de 11 de maio a 24 de agosto, e foi marcada pelo desaparecimento de eminentes pilotos franceses. Patrick Pons, Olivier Chevallier, Christian Léon e Eric Olivier perderam a vida, assim como Patrick Depailler na Fórmula 1. Do lado do campeonato, menos suspense. Roberts, na Yamaha, esmagou a Suzuki de Randy Mamola e não deixou dúvidas.
Uma temporada como esta é uma prova de uma época passada. Embora quisesse se profissionalizar, o mundo manteve esse pequeno toque de folclore que não era desagradável. No entanto, é impossível fechar os olhos ao ambiente perigoso. Cerca de dez mortes por ano parecem-nos totalmente impensáveis nos dias de hoje e esta é a essência da história: nos lembre do caminho percorrido e dos erros que não devemos repetir.

Como de costume na época, o vencedor no final foi “King Kenny”. Foto: ANEFO