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Campeão mundial em máquina privada. Poucos fizeram isso ao longo da história. Ekerold, um verdadeiro gênio da pilotagem, pertence a esta casta. Nascido em 1946 em Joanesburgo, ele é um dos raros pilotos africanos que se estabeleceu de forma duradoura. Agora esquecido, o seu perfil apaixonado é atípico, testemunha de uma época passada. Uma retrospectiva da história de um grande.

Durante sua juventude, Jonathan sentiu-se atraído por automóveis. Uma paixão muito ajudada pelo tio, piloto renomado. Aos 21 anos, ele voltou-se para os veículos de duas rodas. Isto pode parecer tardio para observadores mais recentes, mas não era tão raro naquela época. Imediatamente, é o seu favorito. “Jon” fica magoado.

Sua paixão por motocicletas só é igualada por seu fervor pela mecânica. Ekerold prefere “colocar a mão na massa” em vez de ver acontecer, por assim dizer. Dotados de bons conhecimentos técnicos, ele prepara sozinho suas máquinas para competir em corridas de nível nacional.

Não demorou muito para que seu talento inato se revelasse. Inscrito em prova internacional em 1972, conseguiu derrotar o jovem Barry Sheene, já em todo o mundo. Isso ajuda muito a subir na hierarquia, mas não lhe dá patrocinadores.

Uma das Yamaha TZ350 usadas por Jon Ekerold durante sua longa carreira. Foto: comunidade Yamaha

Jon decide participar do campeonato mundial de 350cc de 1975, por duas rodadas. De referir que este último desloca-se pelos seus próprios meios e efectua ele próprio a manutenção e reparação da sua Yamaha. Uma característica já percebida na época, mas no final das contas bastante comum no meio e na parte inferior da mesa.

O problema é que Jon não almeja o final da tabela. Desde o seu primeiro compromisso na Áustria, ele cruzou a linha na segunda posição, atrás Hideo Kanaya. O sul-africano vê grandes coisas para 1976, com uma participação nas 250cc, 350cc e também nas 500cc, a categoria rainha.

Na dificuldade, optou por esquecer as 500cc em 1977. O primeiro sucesso surge na hora certa, durante o Grande Prémio de França nas 250cc. É preciso lembrar que nosso ladrão administra quase sozinho, auxiliado apenas por alguns preparadores que não têm relação direta com a fábrica.

Jon é leal à Yamaha. Assim, os anos se sucedem e são semelhantes. No geral, tem um bom desempenho, mas não consegue competir com as máquinas oficiais. O final da década de 1970 marcou o declínio do período “ Circo Continental », tão querido pelos fãs. O esporte está se profissionalizando cada vez mais, mas continua aberto a entusiastas como Ekerold. Foi somente em meados da década de 1980 e com a influência de Kenny Roberts ver o esporte mudar radicalmente.

De volta a Jônatas. Em 1980, ele largou suas Yamahas para... Bimota-Yamaha 350cc. A Bimota, fabricante italiana, tinha tecnologia para integrar motores de 250 cc e 350 cc. Jon, ainda privado, está andando maravilhosamente bem no início do ano.

Uma nova vitória em França, seguida de sucesso em Assen, confere-lhe o estatuto de favorito. O lendário Anton Mang, equipado com uma Kawasaki 350cc oficial, não desiste. Chegando a Nürburgring, os dois homens estão perfeitamente iguais. Quem, Davi ou Golias, receberá o título?

Foto: Comunidade Yamaha

A resposta não demora a chegar. Jon é autor de uma ótima largada, literalmente derrubando seus oponentes, inclusive Mang. Em chamas, ele bate o recorde da volta anterior por mais de quatorze segundos (!), mesmo batendo o tempo de qualificação de Kenny Roberts nas 500cc. Simplesmente em outro planeta.

Jon torna-se assim no primeiro privado a levar as 350cc, vencendo na frente do oficial Anton Mang, em suas terras; um feito absolutamente impressionante. Consciente da sua superioridade, o Sud-AF colocou novamente em jogo o título em 1981.

Desta vez, Mang estava em guarda: Ekerold nada pôde fazer contra o tornado alemão. Um bom lugar como vice-campeão mundial ainda lhe acena. As duas temporadas seguintes serão menos alegres. Passado para Cagiva em 500cc a maionese não endurece.

Depois de nove anos ao mais alto nível, Jon está a preparar-se para assumir um concessionário Yamaha no seu país natal. Uma merecida aposentadoria para um campeão apaixonado por todo o seu esporte. Depois de passar no Tourist Trophy e no Ulster Grand Prix, este último não conseguia parar de correr. Prova de que a vida também sabe recompensar quem dedica a vida a uma causa, independentemente da sua natureza.

 

Foto da capa: Fernando Pereira / ANEFO 

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