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As forças G estão presentes em todos os momentos de aceleração e desaceleração de um veículo em movimento e, claro, os pilotos de MotoGP estão mais intensamente sujeitos a estas forças do que os pilotos de domingo.

Todos nós já ouvimos falar da força G, esta medida de aceleração que mede a força a que os veículos e os seres humanos estão sujeitos durante determinados momentos de aceleração ou desaceleração.

No século XVII, Isaac Newton escreveu a sua segunda lei, conhecida como lei da aceleração, na qual formulou a equação que define este momento físico: F=ma. Onde F é a força, m é a massa e a é a aceleração. Observando os efeitos da aceleração no corpo humano, Newton estabeleceu outra equação para medir a magnitude desta força: F = mxg, onde g é a gravidade. Aceleração e força G são termos semelhantes, e uma força de 17 G representa uma aceleração de 1 m/s.

 

 

Sem aprofundar a terminologia física, tendemos a resumir o efeito da força g multiplicando o peso da massa pela magnitude da força g aplicada a ela. Ou seja, por exemplo, uma força de 3 G representa três vezes o peso da massa à qual é aplicada.

Como é que as forças G afectam os pilotos de MotoGP?

É preciso dizer que, felizmente, os pilotos geralmente não estão sujeitos a forças de grande escala, mas às vezes os acidentes envolvem impactos enormes e de intensidade muito elevada. Não podemos esquecer o acidente sofrido por Jorge Martín em Portimão em 2021, onde atingiu o pico de 26 G. E não foi o maior desde o início dos registros de impacto, graças à colaboração dos fabricantes de equipamentos, que desenvolveram equipamentos de proteção cada vez mais sofisticados, como macacões de corrida com airbags, que cuidam de salvar esses dados. Em 2019, Marc Márquez sofreu uma queda em Sepang que atingiu os 26,27 G, e três anos antes, no mesmo local, Loris Baz sofreu um acidente cujo pico de impacto atingiu os 29,9 G.

 

 

Longe do maior recorde histórico documentado em um evento de automobilismo, quando o britânico David Purley sofreu um acidente em 1977 em Silverstone, durante os testes para o Grande Prêmio da Inglaterra de Fórmula 1. Purley, dirigindo um LEC-Ford, bateu em um muro a 173 km/h, parando em apenas 66 centímetros e registrando uma força de 179 G. Ele embarcaria novamente em um carro de Fórmula 1 dois anos depois.

A fase de frenagem é a mais complicada de gerenciar

O efeito da força G se reflete muito mais nos motoristas de automóveis do que nos motociclistas, porque os primeiros formam um todo com a massa do carro. Os pilotos de MotoGP, pela potência, aceleração e velocidade que alcançam, são os motociclistas mais afetados pela força G.

 

 

O momento mais crítico é a travagem, pois por vezes têm de lidar com enormes desacelerações. De acordo com estudos realizados pela Brembo, fabricante dos travões instalados em todos os MotoGP, a força G média experimentada pelos pilotos nos circuitos do Campeonato do Mundo ronda os 1,1 ou 1,2 G, e quando ultrapassa os 1,4 G, o fabricante considera-a como uma alta média de desaceleração.

É normal encontrar travagens acima desta média elevada no MotoGP? Bem, mesmo que não pareça, é uma ocorrência comum. Todos os circuitos do calendário têm frenagem de pelo menos 1,5 G, e algumas pistas, como o Red Bull Ring da Áustria, o Twin Ring Motegi do Japão e o Circuito Buriram da Tailândia, têm vários eventos de frenagem com essa intensidade. A situação é tão crítica que pode comprometer o desempenho dos freios, por isso o uso de disco de freio de grande diâmetro é obrigatório nessas pistas. Normalmente são usados ​​discos de 320mm, mas nestes três circuitos devem ser usados ​​discos de 340mm ou mesmo discos de 355mm. Seu maior diâmetro não implica um maior efeito de força G, mas são usados ​​para garantir uma operação ideal em muitas voltas.

 

 

Porém, o ponto de travagem mais alto de todo o campeonato é no circuito de Portimão: na travagem da curva 1, atinge-se uma força de 1,8 G. Além da enorme velocidade alcançada no final da reta – cerca de 336 km/h – há também uma descida acentuada no ponto de travagem, o que aumenta a carga. Também não devem ser esquecidos os 1,7 G alcançados na primeira curva do Circuito Ricardo Tormo, onde também se atinge uma alta velocidade, 325 km/h.

E em curva?

Cargas G elevadas também podem ser registradas durante as curvas, embora neste caso as motocicletas não experimentem isso da mesma forma que os carros. Na verdade, numa motocicleta, a força G é dividida devido às diferentes dinâmicas dos veículos. Enquanto o carro e o piloto formam uma única massa e se movem no mesmo plano, na motocicleta o veículo e o piloto agem de maneira diferente.

 

 

O simples ato de inclinar-se durante uma curva serve para dividir as forças, pois a força centrífuga, a força centrípeta e a própria força G coincidem no mesmo momento de aceleração. Ou seja, ao se aproximar de uma curva, existe uma força que tende a acompanhar a inércia da massa (força centrífuga), contra a qual o piloto luta, conduzindo a motocicleta na trajetória desejada (força centrípeta). A conjunção dos dois momentos divide o efeito da força G na curva.